quinta-feira, 27 de novembro de 2014

Uma brasileira nos EUA!

Deixei nosso amado mas decepcionante Brasil em Agosto de 2006 por um programa de intercâmbio chamado Au pair. Como au pair minha função era cuidar/auxiliar nos cuidados das crianças da família na qual fui escolhida dentro de um sistema de perfil " tipo um facebook só de au pairs do mundo inteiro". Para quem não tem muito dinheiro para investir em um visto de estudante, nem muito dinheiro para se manter nos Estados Unidos como turista, esse programa é ideal para se chegar até lá pois oferece moradia, comida, celular, algumas família dão carro,  uma ajuda de custo e uma quantia simbólica para se estudar o inglês em uma community College. Excelente para quem acabará de deixar o Brasil com $500 dólares no bolso, 2 malas e muita muita coragem, entusiasmo e Fé. Dois anos como au pair (na qual é o limite do programa) foram o suficiente para me  ensinar muito sobre a cultura Americana, meu inglês já não era só Hello, my name is Carla I am 24 years old, I am from Brazil and I like yellow, e eu já conseguia ir até o mercado fazer compras sabendo o nome dos alimentos, interagia com nativos e ja estava até fazendo apresentações em Inglês na escola. Super evolução, eu estava feliz mas sabia que não era hora de voltar para o Brasil pois ainda existiam muitas oportunidades naquele país para eu aproveitar. Então com a ajuda de alguns amigos e familiares entrei no processo do meu visto de estudante, mas como eu iria conseguir pagar tantos dólares em um curso sendo que estudantes não são nem permitidos a trabalhar. Realisticamente eu sabia que minha família, considerada classe média, não teria como me ajudar nesse investimento. Arregacei as mangas e fui atrás do que eu melhor sei fazer...pesquisar! Durante dias de pesquisa, conversas com amigos e conhecidos, descobri um programa de bolsa de estudo no qual era oferecido para TODOS estudantes, isto é, eu não precisava ter green card ou ser cidadã Americana, eu apenas tinha que obter 3 cartas de referencia, escrever uma redação sobre o por que eu merecia aquela bolsa de estudos, fazer duas provas de Inglês entre elas o Toefl para Mestrado ( a pontuação tem que ser maior), organizar um currículo, ser aceita pela Universidade e sair de porta em porta nos departamentos para ver se daria a sorte de encontrar alguém que se interessasse pelo meu perfil....ufa...só isso, que desafio!! 
Well, eu atravessei o Atlântico com $500 dolares no bolso lembram? Isso era apenas mais um obstáculo a ser superado. Depois de 8 meses, lá estava eu com meu visto de estudante, fazendo meu Mestrado em Criminologia e trabalhando para o departamento de Tecnologia da Eastern Michigan University. Feliz? RADIANTE!! Foram 3 anos de mestrado e posso afirmar que tiveram inúmeras vezes na qual achei que não conseguiria, chegou uma época que a única coisa que conseguia fazer era estudar e trabalhar, não tinha mais fins de semana, meu "casamento de quase 4 anos estava indo pelo ralo" e o cansaço era nítido em meu rosto. Amigos e familiares diziam que eu estava indo longe demais, longe demais? Eu atravessei o Oceano Atlântico e quero trabalhar para o FBI, isso não pode ser o longe demais!! E não foi! 
Estava prestes a me formar e não podia me candidatar ao FBI pois não era cidadã American apenas tinha o Green Card vindo do meu casamento que naquele estágio nem existia mais....tentei a policia do Hawaii pois era uma das únicas que aceitavam candidatos apenas com o Green Card, e entre nós nada mal trabalhar de policia no Hawaii não é? Mas a decepção maior veio quando reprovei no exame físico na etapa das flexões, 17 flexões pra quem havia descoberto flexões a menos de 6 meses era um teste de fé e força que meus braços não deram conta. Sai com um cartão de 14 flexões realizadas e um volte ano que vem o Hawaii precisa de policiais como você!!.... em baixo do braço...
Ano que vem era muito longe, a essa altura eu já tinha contas a pagar, um carro, um apartamento, luz, água, celular, internet, netflix, um cachorro, nossa e agora....
E lá no fim do túnel eu pude enxergar algo balançando como uma bandeira, uma bandeira vermelha, azul e branca....como se estivessem dizendo, você pertence a esse país será uma honra tê-la em nosso Exercito! Perai...ARMY? EU? 
Alguns podem dizer que entrar no exército deve ser fácil, mas olha, eu posso garantir que não é....e conforme cada etapa foi se concretizando e eu passando por elas, tinha mais certeza de que estava no lugar certo, uma brasileira servindo o exército Americano....loucura? talvez superstição demais!!

No dia 23 de Julho de 2012 eu peguei um ônibus com mais 27 meninas para um treinamento de 3 meses em South Carolina  sem contato com o mundo exterior para me tornar uma soldada do Exército Americano. Era uma mistura de medo, excitação, orgulho, desespero...e um frio na barriga que ficou ali por dias.  A minha estória desde o primeiro dia nessa pior e melhor experiência da minha vida, terei que deixar para outras conversas, pois demandam muitas páginas, energias e lembranças não tão boas assim...o que posso dizer para vocês é que hoje estou de volta ao nosso amado e decepcionante Brasil, sentindo que aqui é onde devo estar e o que mais desejo é poder ajudar pessoas na qual buscam oportunidades nos Estados Unidos como um dia tive pessoas que me ajudaram a concretizar alguns dos meus sonhos!!

Carpe Diem e nos vemos em breve ;)

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